Sem nada a mostrar, Mitidieri queima o primeiro ano de administração

Na terça-feira (3) quando o ministro dos Transportes, Renan Filho, assinou a autorização para a contratação de edital para a elaboração do projeto para a construção da ponte ligando Neópolis (SE) a Penedo (AL), o governo de Sergipe comemorou como se a ponte já estivesse em construção e fosse uma realização da administração estadual. Sorridente, o governador Fábio Mitidieri (PSD) posou para fotos ao lado de políticos sergipanos e alagoanos.

Mesmo sem os R$ 300 milhões necessários para a obra, a simples autorização para o projeto da ponte anima políticos dos dois estados. Planejam festas para a virtual inauguração, na véspera do pleito de 2026. O ministro Renan fez um alerta: a obra vai depender de recursos de emendas ao Orçamento Geral da União (OGU) que venham a ser apresentadas por deputados e senadores.

Em Sergipe, com R$ 300 milhões assegurados através de empréstimo obtido junto ao Banco do Brasil, no último dia 26 de setembro o governo autorizou o edital de licitação para a implantação do pomposo complexo viário e a ponte Tancredo Neves/ Coroa do Meio. Já a prometida nova ponte sobre o Rio Sergipe, que ligará o município de Aracaju à Barra dos Coqueiros, teve sua primeira sessão de licitação em 18 de setembro, para o estudo de técnica, econômica e ambiental.

O governo de Sergipe tem capacidade de gestão para a execução de obras tão complexas? A dúvida decorre da lentidão observada na execução de uma simples operação para tapar dos buracos das rodovias estaduais.

Fábio Mitidieri tenta repetir João Alves Filho em seu último mandato de governador (2003-2007) quando construiu a ponte Aracaju/Barra e perdeu a reeleição para Marcelo Déda no pleito de 2006. João concentrou todos os recursos do estado para a obra da ponte, esquecendo o interior do
estado. O mesmo vem ocorrendo com o atual governador, que contempla o interior com o chamado “Sergipe é aqui”, que transfere os serviços obrigatórios do estado para um município, a exemplo do que ocorreu na sexta-feira em Ilha das Flores.

Enquanto isso, o governador se prepara para a quarta viagem internacional em um único ano. Vai para uma feira de confecções e um fórum econômico na Irlanda. Como nas viagens anteriores, irá acompanhado de grande comitiva, a começar pela mulher, Érica, secretária de Estado da Assistência Social e Cidadania.
Fábio Mitidieri comanda pessoalmente caravanas de viagens. No primeiro mês de governo fez uma reunião com todo o secretariado e dirigentes de órgãos em Brasília, sob o argumento de que precisava apresentar a equipe aos novos ministros.

Mitidieri começou a administração elevando para 19% – mais 1% para o programa de combate à fome – o ICMS cobrado dos produtos e serviços ofertados à população. O governo não vem pagando os fornecedores e alguns prestadores de serviços já fazem ameaças.

Em junho, enquanto comandava a abertura de forrós, a Assembleia Legislativa
aprovava projeto de sua autoria que elevava em 50% a contribuição para o Ipesaúde dos seus 116 mil assistidos, a maioria servidores públicos estaduais e seus dependentes.

O governador concedeu um reajuste de 2,5% para a maioria dos servidores estaduais. Os que são conveniados com o Ipesaúde ficaram apenas com 0,5% do aumento já que a contribuição de saúde passou de 4% para 6% do salário do servidor.

Além do edital da ponte, Fábio Mitidieri autorizou novos estudos para analisar a
possibilidade da adoção de uma Parceria Público Privado (PPP) para administrar parte da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). Não há ainda uma definição. A Deso detém a concessão de 71 das 75 sedes municipais. Apenas os municípios de Carmópolis, além das sedes de São Cristóvão, Capela e Estância não fazem parte da área operada pela empresa. A exploração dos serviços ocorre através de contratos de concessão, firmados com cada um dos municípios.

Fábio Mitidieri está queimando o primeiro ano de sua administração sem nada para mostrar. Principalmente depois do ritmo frenético adotado pelo antecessor, Belivaldo Chagas, que concentrou todas as realizações no último ano de governo. (Por Gilmar Manoel)

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