Produtor de Pinhão fala sobre impactos das chuvas no município

Tem chovido bastante em todo estado de Sergipe nos últimos dias. O volume médio esperado para o estado em maio era de 315 mm, mas até sexta-feira, 26 de maio, foi registrado um acumulado de 455 mm. Se por um lado tem produtores comemorando a chegada da chuva, por outro há quem lamente.

O produtor José Eliton Dias, tem propriedade no Alto Sertão, em Porto da Folha, e começou na semana passada a preparar a terra para receber o plantio de milho, uma das fontes de alimentação do gado leiteiro.

A colheita do milho acontece, normalmente de 90 a 120 dias após o plantio, a depender da finalidade, se grão para exportação, silagem para o gado ou ainda para consumo.

Também no Alto Sertão, no município de Gararu, quem plantou milho esta semana está animado. Na propriedade do produtor Cristóvão Junqueira, o agente de campo do Senar Sergipe, Jadilson dos Santos, informou que no começo da semana não era possível arar a terra porque estava encharcada, mas na sexta-feira (26), os produtores já conseguiram iniciar o plantio do milho.

“Essas áreas que ficaram alagadas, são áreas de várzea, próximas ao Rio São Francisco. Agora a terra está boa e já está recebendo milho. A gente precisa que chova pelos próximos 23 dias. Nesse período inicial, a lavoura de milho precisa de muita água para que a produção seja boa”, contou.

No município de Pinhão, região Agreste, na propriedade do produtor rural Carlos Leonardo de Oliveira, as perdas na produção devem chegar a 35%. Segundo o agente de campo que o acompanha, Flávio Costa, as chuvas chegaram bem depois do início do plantio, o que prejudicou a plantação de milho.

“O milho foi plantado em 3 de abril. A chuva mais volumosa só chegou no início de maio. Passamos por 10 dias de sol forte e depois a chuva voltou, mas já tinha impactado a produção”, disse.

No município de Graccho Cardoso, no Médio Sertão sergipano, as chuvas têm caído com regularidade e muitos produtores aproveitaram esta semana, o solo molhado, para iniciar o plantio de milho. Quem se adiantou, já consegue perceber que a produção vai ser boa.

Segundo o meteorologista Overland Amaral, a partir do dia 1º de junho o volume de chuva deve ser reduzido no estado, embora as precipitações continuem ocorrendo de forma isolada em todas as regiões do estado.

“Para o mês de junho, o volume de chuva é dentro do esperado com base na média histórica. No Agreste e Alto Sertão devem ser registrados de 120 a 160 mm no próximo mês. E isso deve se repetir até agosto”, finalizou.

Essa chuva toda que tem caído em Sergipe, deve cessar nos próximos meses. O Nordeste e o Norte do Brasil podem enfrentar redução das chuvas a partir de junho deste ano. A informação foi confirmada pela meteorologista Wanda Tathyana de Castro Silva, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente Sustentabilidade e Ações Climáticas de Sergipe (Semac).

Segundo ela, técnicos da área estão monitorando periodicamente esta situação e há probabilidade de 80% do fenômeno El Niño ocorrer no trimestre de Maio, Junho e Julho.

“O El Niño costeiro está em atuação na costa leste do Oceano Pacífico, este tipo de El Niño não afeta no regime de chuvas de Sergipe, mas há previsão que o El Niño clássico floresça e comece a interferir no regime de chuvas do Norte e Nordeste do país a partir de junho e há grandes probabilidades do fenômeno se estender para próximo ano”, alertou.

Ainda segundo ela, na agricultura em Sergipe, os impactos devem ser sentidos principalmente pelos produtores de milho, a depender do plantio, já que no momento em que normalmente acontece a floração, é justamente quando o volume de chuva deve ser reduzido.

Wanda Tathyana também fez algumas recomendações para redução dos impactos diante da possibilidade da escassez hídrica.

“O ano de 2023 é atípico, visto que, houve a antecipação das chuvas já em fevereiro e devem continuar volumosas até maio. Nesse período, é importante que produtores usem estratégias para acumular água no solo. Devido as altas temperaturas, é necessário o uso de matéria seca sobre as culturas para evitar a evapotranspiração”, disse.

A médica veterinária e supervisora da Assistência Técnica e Gerencial do Senar Sergipe, Pábola Nascimento, lembrou que a estocagem de alimentos para os animais é uma boa saída para o período de pouca chuva.

“Os produtores devem estocar palma e silagem, que pode ser feita com capim-açu, sorgo, capim-elefante, milho e outras matérias-primas. Além disso, podem se planejar, se organizar e fazer compras antecipadas de ração, para garantir a alimentação dos animais. Com essas estratégias, é possível enfrentar os períodos mais secos sem grandes problemas”, finalizou.


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