O desaparecimento de pessoas ainda possui números alarmantes em todo o país. Apenas em Sergipe, a média de desaparecimentos gira em torno de 450 pessoas por ano, conforme dados reunidos pela Polícia Civil, que investiga os casos independente de terem ocorrido de forma voluntária ou involuntária. Por isso, o Dia Internacional das Pessoas Desaparecidas, que é rememorado nesta data de 30 de agosto, ressalta a importância da rápida comunicação do desaparecimento para localizar de forma célere essas pessoas.
A pessoa já é considerada desaparecida quando não há informações sobre sua localização, conforme o delegado Ronaldo Marinho, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao adolescente Vítima (Deacav), vinculada ao Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV). “Daquele momento em diante, a pessoa já é considerada desaparecida, e o desaparecimento deve ser comunicado de forma imediata à polícia, pois segundos fazem a diferença na localização dessa pessoa”, iniciou.
O desaparecimento da pessoa pode não apontar um crime, mas é preciso que a Polícia Civil investigue para que a pessoa seja rapidamente encontrada. “E não existe prazo determinado para essa comunicação de desaparecimento. É um mito ter que esperar 24h ou 48h, pois quanto mais rápido a comunicação, melhor. O tempo é fundamental para que a pessoa seja encontrada, e com vida. E sabemos de situações de desaparecimento que demandaram crimes”, evidenciou Ronaldo Marinho.
Para a comunicação do desaparecimento, o delegado ressaltou que é fundamental que a família procure a delegacia. “É fundamental que a família leve todas as informações, como dados completos, última foto, perfil em mídias sociais, roupas, locais que a pessoa costumava frequentar. Essas informações devem ser passadas à polícia para que os investigadores façam buscas para localizar aquela pessoa desaparecida. O primordial é encontrar essa pessoa”, especificou.
E o desaparecimento de pessoas não é apenas uma questão referente a conflitos familiares, inclusive não sendo em torno de um fato criminoso, mas sim um problema público. “As pessoas que ficam sem seu ente querido precisam de informação, precisam saber onde essa pessoa encontra, se precisa de ajuda, qual o motivo do desaparecimento. O desaparecimento é uma ferida que não cicatriza, por isso é fundamental que o estado atue na busca e localização dessas pessoas”, evidenciou o delegado.
Tipos de desaparecimento
Há dois tipos de desaparecimentos conforme revelou Ronaldo Marinho. “O desaparecimento voluntário é aquele em que a própria pessoa não quer mais ficar no local onde está. Já o desaparecimento involuntário pode acontecer de forma criminosa ou não criminosa. Nos casos não criminosos, a pessoa sai sem documento e pode acabar tendo algum problema de saúde, sendo encaminhada a um hospital estando internada sem consciência. O criminoso é quando a pessoa desaparece em decorrência de um crime”, relatou.
Busca por pessoas desaparecidas
Na busca pelas pessoas desaparecidas, há também o trabalho do Instituto de Identificação Papiloscopista Wendel da Silva Gonzaga (IIWSG). O diretor da instituição, Jenilson Gomes, detalhou as duas frentes de atuação do IIWSG nessa atuação. “O Instituto de Identificação atua em duas frentes. Uma é auxiliar a localização de pessoas nos casos de desaparecimento voluntário e, em um segundo momento, auxiliar a Polícia Civil nos casos de desaparecimentos não voluntários”, explicou.
Como o IIWSG atua com a identificação não somente para a emissão de carteira de identidade, mas também em diversas outras situações como identificação de corpos e de pessoas presas, o Instituto de Identificação também atua nessa busca por pessoas desaparecidas. “É o Instituto de Identificação que, quando o cidadão dá entrada em um hospital inconsciente e sem documento, faz esse trabalho. Pois são situações que podem estar ocorrendo em torno de um desaparecimento”, revelou Jenilson Gomes.
Material biológico também é utilizado na busca por desaparecidos
Também para essa busca por pessoas desaparecidas, há a utilização de um banco de dados nacional com amostras biológicas no contexto do Projeto Desaparecidos, conforme explicou a perita criminal Juliana Almeida, do Instituto de Analises e Pesquisas Forenses (IAPF) “É inserida a amostra biológica (DNA) de um familiar que é confrontada com os dados que já se encontram no banco de dados. Ao ser detectada uma relação de parentesco, é feito o contato com o familiar da pessoa desaparecida”, detalhou.
Comunicação de desaparecimento
Os familiares podem procurar uma delegacia da Polícia Civil para comunicar o desaparecimento de uma pessoa. É fundamental que sejam reunidas as principais informações da pessoa desaparecida, a exemplo do nome, local de residência, locais que costumava frequentar, endereços e perfis de redes sociais. Informações que possam ajudar a polícia a encontrar pessoas desaparecidas podem ser repassadas por meio do Disque-Denúncia, no telefone 181. O sigilo é garantido.